domingo, maio 27, 2012

Camadas

"[...] ainda há vestimentas a ser despidas. Ela sorriu com a ideia de ter deixado Midas pelo menos de meia e cueca. Havia mais camadas numa pessoa do que a analogia das vestes e capas poderia sustentar, e ela suspeitou que, enquanto se tiram as outras camadas, novas são costuradas em seu interior. "

Ali Shaw in "A garota dos pés de vidro"


quarta-feira, maio 23, 2012

Sina Nossa

"Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz...
Com a nossa pressa!
Com resto que nos resta
Lamentavelmente eu sou assim...

Um tanto disperso
Às vezes desapareço
Pois depois recomeço
Mas antes me esqueço"

Teatro Mágico in "Sina Nossa"


Coragem


Ele ficou de pé. "Den", disse, "você está certa. Sim, pelo menos algumas vezes, você tem de não pensar em ser corajosa e só em seguir em frente. Eu tenho de ir. Diz pro seu pai que mandei tchau?"

Ali Shaw in "A garota dos pés de vidro"


domingo, maio 20, 2012

Besteiras

"Ficar se lembrando de besteiras prejudica as lembranças que realmente importam."

Superinteressante, n. 264, abr. 2009


sexta-feira, maio 11, 2012

Cacos de vidro...

"Ninguém é assim tão bem resolvido a ponto de conseguir
 transitar descalço por todos os universos com 
a maior segurança do mundo, sem medo de entrar 
um espinho no pé ou de pisar num caco de vidro."

Roberta Simoni, aqui
 

segunda-feira, maio 07, 2012

O Último Pôr do Sol


A onda ainda quebra na praia,
Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando nós dois.
Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois
Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas
Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,

O último homem no dia em que o sol morreu.

Lenine



terça-feira, abril 24, 2012

Apresentação

Aqui está minha vida — esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.

Aqui está minha voz — esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.

Aqui está minha dor — este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento. 

Aqui está minha herança — este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

Cecília Meireles, in"Antologia Poética"

 

segunda-feira, abril 23, 2012

Nem tão suave assim...



"Eu quero tudo fora, tudo fora. Eu quero eu fora.

 Eu quero ir pra fora de onde está tão 

devastado e de onde eu tinha pintado tudo de azul pra te ver sentado bem no centro.

No centro do meu peito, você, com a luz azul da minha esperança."

Tati Bernardi in Triste


Suave


"Sabíamos ser alegres, mas não tanto que ofendêssemos os tristes; e em nossa tristeza havia suavidade, porque éramos pacientes e compreensivos. Acreditávamos nos valores do espírito: e neles fundávamos a nossa grandeza e o nosso respeito."

Cecília Meirelles in "Lamento pela cidade perdida"


domingo, abril 22, 2012

XVII

"Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!"

Mário Quintana in 80 anos de poesia