Cheguei a concha da orelha
À concha do caracol.
Escutei
vozes amadas
que eu julgava
eternamente perdidas.
Uma havia
que dentre as outras mais graves
tão clara e alta de erguia...
que eu custei mas descobri
que era a minha própria voz;
sessenta anos havia
ou mais
que ali estava encerrada.
Meu Deus, as coisas que ela dizia!
as coisas que perguntava!
Eu deixei-as sem resposta.
As outras vozes, mais graves,
tampouco
nenhuma lhe respondia.
O mundo é um búzio oco,
menino...
Mundo de vozes perdidas
e onde apenas o eco
eternamente
repete as mesmas perguntas.
Mario Quintana